sexta-feira, 25 de junho de 2010

Poema a boca fechada
Não direi:
Que o silencio me sufoca e amordaça
Calado estou,calado ficarei.
Pois a lingua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cistema de aguas mortas,
Ácidas mágoas em limos trans formados,
Vaza de fundo em que há raiz de tortas,

Não direi:
Que nem se quer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que não me conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas.
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se estralaçãm
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não podera morrer sem dizer tudo.

1 comentários:

Ana Cleia disse...

Nossa que poema forte, bonito mesmo. Quem é o autor.
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